Pioneiros da Educação Surda: A Jornada da Sala de Aula ao Reconhecimento

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Adriana Aguiar Gomes

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Pioneiros da Educação Surda: A Jornada da Sala de Aula ao Reconhecimento

Olá, pessoa!

Na nossa penúltima conversa, mergulhamos na história ancestral da comunicação por sinais. Vimos que as mãos sempre se moveram para expressar o silêncio da alma. Mas, como esse movimento de comunicação se organizou e se tornou uma forma de educação? Hoje, quero te levar a uma viagem no tempo para conhecer as figuras que foram pioneiras e, ao mesmo tempo, controversas na educação de surdos na Europa.

Antes desses pioneiros, a educação para surdos era praticamente inexistente. Por muito tempo, a comunidade ouvinte, ignorando o poder da comunicação visual, insistia que os surdos não poderiam aprender, pois não falavam. É nesse momento que o surdo se torna um estrangeiro em seu próprio país, dentro de sua própria família.

Mas, a história, como uma semente, sempre encontra uma fenda para brotar. No século XVIII, um sacerdote francês chamado Abbé Charles-Michel de l’Épée mudou o curso de tudo. Inspirado por duas irmãs surdas, ele percebeu que a educação deveria ser adaptada ao aluno, e não o contrário. Ele observou e aprendeu o sistema de sinais que a comunidade surda já usava em Paris e, a partir dele, criou um método formal.

Sua abordagem, que ficou conhecida como “Método Francês”, foi inovadora e abriu as portas da primeira escola pública para surdos em Paris. Pela primeira vez, centenas de alunos surdos tiveram acesso a uma educação estruturada usando o que hoje chamamos de Língua de Sinais Francesa. Foi um divisor de águas! De repente, as mentes que antes eram consideradas “incapazes” puderam se conectar com o conhecimento de uma forma nunca vista antes.

Porém, como em toda história, há também uma face menos brilhante. Quase na mesma época, um professor alemão chamado Samuel Heinicke defendia uma abordagem totalmente diferente: o oralismo. Ele acreditava que a fala era a única forma “natural” de comunicação e que as línguas de sinais deveriam ser abandonadas. Essa visão, embora bem-intencionada na tentativa de integrar os surdos, acabou criando uma grande barreira, gerando um debate que ecoaria por mais de um século.

E é aí que entra uma das minhas perguntas mais incômodas: “Eles já são surdos, porque fazê-los cegos também?” A insistência no oralismo e a proibição das línguas de sinais, que veremos em um próximo post sobre o Congresso de Milão, foram um dos maiores retrocessos na história da educação de surdos. Ignorar a comunicação visual é, no fundo, negar a essência de quem usa as mãos para expressar o silêncio da alma.

A história desses pioneiros nos mostra a importância de lutarmos por uma educação que respeite a identidade e a forma de comunicação de cada indivíduo. Acredito que a verdadeira inclusão não é forçar o outro a ser como nós, mas sim, construir pontes de comunicação entre os mundos.

Qual desses dois caminhos da educação te surpreendeu mais? A visão acolhedora de l’Épée ou a abordagem controversa de Heinicke?

Deixe seu comentário e vamos continuar essa conversa que conecta mundos!